O vício em jogos online é uma realidade: como evitar ou ajudar?

Organização Mundial da Saúde - OMS, classificou o vício em jogos eletrônicos como doença, destacando a dependência de jogos, incluindo os eletrônicos

Por Sérgio Ferreira 20/05/2024 - 21:30 hs

Da redação

Atualmente, até quem não tem nenhum conhecimento sobre jogos, sabe que as crianças e os adolescentes estão muito envolvidos em jogos eletrônicos e/ou digitais. Cada vez mais cedo esse grupo tem contato com esse universo, e muitas vezes esse tipo de diversão acaba se tornando uma obsessão, capaz de causar transtornos e vícios.

O crescimento de usuários foi muito potencializado na pandemia, com tempo livre e sem liberdade para fazer outras atividades, esse grupo acabou passando muito tempo em frente da tela jogando. Por outro lado, os familiares podiam não interferir muito, considerando a situação complexa e atípica.  Afinal, precisavam se concentrar em mil outras atividades, desta maneira, deixar a criança ou o adolescente entretido jogando parecia uma boa opção.
Porém, o excesso pode levar ao vício. Conhecido como “Game Disorder”,  a Organização Mundial da Saúde - OMS, classificou o vício em jogos eletrônicos como doença, destacando a dependência de jogos, incluindo os eletrônicos. O jogo compulsivo está sendo tratado como um transtorno, que envolve reabilitação e internação em casos extremos. Existem clínicas que disponibilizam um tratamento multidisciplinar para ajudar nesses casos.

Esse problema crescente precisa ser observado pelas mães, pelos pais e responsáveis. O vício se traduz em situações que causam impacto direto na vida das pessoas, como a vontade de não sair de casa, a tendência a se isolar ao invés de interagir com os colegas e amigos, a ansiedade de voltar para casa quando precisa sair para uma atividade familiar, como uma festa, uma visita ou um passeio, são alguns dos indícios de que há um desequilíbrio que precisa ser observado. 

Há vários outros indicadores, como o rendimento ruim na escola e no trabalho, além dos impactos na vida pessoal. Se percebe que há uma falta de interesse genuína em outras coisas, ou há um interesse extremamente reduzido. O viciado fica agressivo quando não joga, é capaz de enfrentar violentamente quem pretende impedi-lo.
O vício pode ocorrer também em adultos, e pode ser direcionado tanto para jogos de apostas, que cresceram muito ultimamente, quanto em jogos online, digitais, eletrônicos, em especial aqueles que têm interação com outros jogadores. 

No caso de crianças e adolescentes, outra questão precisa de atenção - as trocas de conversas frequentes durante os jogos, podem causar nos jogadores uma falsa sensação de proximidade e amizade. Com isso, muitas vezes, as pessoas evoluem e passam informações pessoais, como o número de WhatsApp, por exemplo e chagam a marcar encontros presenciais.

Em 2021, uma jogadora profissional de 19 anos, conhecida como Sol, morreu após um encontro presencial com um jogador que conheceu online, não é uma situação comum, mas é indispensável estar atento a quem conversa online com os filhos.
Importante destacar que os campeonatos de jogos online e a possibilidade de jogar profissionalmente acabam por incentivar essa geração a se dedicar com o objetivo de se destacar e de ganhar dinheiro fazendo o que gosta. 
 
Nessa mesma linha de transformar o sonho em realidade surgiu o filme “Gran Turismo - de jogador a corredor”. O filme é baseado em uma história real de um gamer que era aficionado pelo jogo “Gran Turismo” que se tornou um corredor na vida real. Uma exceção mostrada como uma possibilidade.

Poucos são os que realmente se destacam nesse ambiente, mas esses poucos acabam tendo grande visibilidade, o que pode causar uma ilusão para esse grupo vulnerável. Por isso é tão importante a presença dos familiares, o diálogo e a conversa, tanto para incentivar nas situações cabíveis, quanto para limitar e orientar nas que não forem.
A dica para que isso não aconteça em sua família é ter atenção e informação. Evite deixar seu filho muito tempo dedicado e focado em jogos, busque fazer outros programas e desenvolver o interesse dele em outras atividades. Se for possível, incentive a praticar esportes, línguas, matricule em cursos de extensão. O acompanhamento é sempre a melhor solução, pois só estando próximo e ciente do que está acontecendo, é possível evitar eventuais danos e minimizar prejuízos à saúde emocional e psicológica das crianças e dos adolescentes. A conversa e o diálogo são as principais armas na sociedade informacional.

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